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Arquitetos: Sommet
- Área: 515 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Paul Renaud

Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizada em um condomínio privado em Santa Cruz, Bolívia, a Casa Meraki implanta-se em um terreno de acentuada inclinação, condição que define diretamente sua organização espacial e construtiva. O projeto tira proveito do desnível natural para se desenvolver em três níveis, fazendo da topografia um elemento fundamental e ativo na concepção arquitetônica.


O acesso principal está localizado na cota mais alta do terreno. A partir desse ponto, um hall de pé-direito duplo atua como distribuidor central e espaço articulador, conectando visual e funcionalmente os três níveis da casa. A escada assume o papel de elemento escultural: concebida como uma treliça metálica articulada, apoia-se apenas em dois pontos — no início e no término do percurso — dispensando qualquer apoio em parede adjacente.


Fabricada com 190 peças metálicas montadas sob medida, sua estrutura leve e articulada se transforma em uma verdadeira obra de engenharia artesanal — resultado da colaboração entre design, cálculo e execução, onde a eficiência estrutural se converte em expressão estética. Sua engenharia acompanha o percurso da escada, permitindo uma leitura contínua e fluida do volume.



No térreo, a área social se organiza em um espaço diáfano que integra sala, jantar e cozinha. A continuidade espacial se projeta para o exterior por meio de amplos painéis de vidro que se abrem para a piscina e o deck de madeira, criando um ambiente de convivência semiaberto sob o volume superior. Nesse mesmo nível, a suíte principal parece flutuar sobre a inclinação do terreno, apoiada em uma parede estrutural de concreto armado que, em elevação, assume a forma de um trapézio invertido. Em planta, seu eixo transversal apresenta maior espessura no centro e afina gradualmente em direção às bordas, conferindo leveza visual ao conjunto. Nas extremidades do volume inferior, vigas invertidas sustentam meias paredes suspensas apoiadas apenas em dois pontos na laje inferior, de modo que a caixa não se feche completamente, preservando a sensação de transparência e leveza estrutural.


No nível inferior encontram-se os espaços complementares do programa: uma suíte de hóspedes, dormitório de serviço, academia, lavanderia e sala de máquinas. Parcialmente escavado, esse pavimento aproveita a inclinação do terreno para garantir ventilação e iluminação natural, assegurando conforto ambiental sem comprometer a privacidade.

O volume superior abriga dois quartos, cada um com closet e banheiro. Esse corpo se projeta em um balanço de cerca de cinco metros em ambas as extremidades, criando uma sensação de leveza — um volume que parece flutuar sobre o terreno. Estruturalmente, as paredes funcionam como grandes vigas de borda, que ao longo de todo o volume sustentam tanto a cobertura quanto a laje do piso, conferindo estabilidade e continuidade ao conjunto.

A materialidade da Casa Meraki é definida pela combinação de concreto armado, aço, vidro e madeira. Utilizados com honestidade e precisão, esses materiais conferem ao conjunto um caráter sóbrio e atemporal, no qual cada decisão construtiva expressa a busca por um equilíbrio essencial entre técnica, estrutura e habitabilidade.




























